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Brasil é o país que mais acessa site de apostas esportivas online no mundo

Segunda análise do banco Santander, valor perdido com as bets pode chegar até R$ 36 bilhões


Por João Maimoni e Roberto De Santis


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Mercado de apostas representa quase 1% do PIB brasileiro | Imagem: Getty Images


A partir do dia primeiro de janeiro de 2025, uma nova regulamentação sobre as famosas Bets começa a valer em todo o território nacional, que segundo o governo tem como o objetivo fazer o setor operar de maneira regulada e controlada. Apostas esportivas já são legalizadas no Brasil desde 2018, e deveriam ter sido regulamentadas em um prazo máximo de dois anos, mas com a prorrogação por causa da troca de gestão, ela será implementada apenas 4 anos depois do prazo máximo.


Com a criação da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA-MF), o governo brasileiro vê a regulamentação como a melhor opção para controlar o crescimento desenfreado das Bets, trazendo várias proteções ao consumidor. Políticas de combate à lavagem de dinheiro, como a identificação através de documentação e reconhecimento facial, garantia da segurança dos dados dos usuários, além da proibição para menores de  18 anos.


A regulamentação foi aprovada em Dezembro de 2023 pelo Senado Federal, e vai trazer a arrecadação de fundos através da cobrança de impostos sobre essas apostas, já que antes da regulamentação, as empresas de apostas não operavam diretamente no Brasil, assim evitando o pagamento de impostos. As empresas poderão ficar com 88% do faturamento bruto para o custeio da atividade. Sobre o produto da arrecadação, 2% serão destinados à Contribuição para a Seguridade Social. Os 10% restantes serão divididos entre áreas como educação, saúde, turismo, segurança pública e esporte. 


Porém, atualmente está sendo votada no STF uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) sobre a lei de regulamentação das apostas,  alegando que o impacto das apostas na população brasileira não está sendo levada em consideração e que a lei deve ser revista. A Confederação Nacional do Comércio (CNC) requer a suspensão da lei o mais rápido possível. O julgamento do mérito deve ser feito no primeiro semestre de 2025.  


História das apostas no Brasil


Jogos de azar sempre existiram na história da humanidade, com jogos de cartas ou de dados, o ser humano sempre teve uma predisposição a apostas, e no Brasil não seria diferente, com casas de apostas datando do século XVIII. Mas o mais famoso até hoje, mesmo sendo ilegal, é o “jogo do bicho”, criado no Rio de Janeiro pelo barão João Batista Viana Drummond, com a intenção de arrecadar fundos para o seu zoológico.


Em 1917 foi criada pelo governo federal a primeira lotérica nacional, chamada “loteria federal” e também nesse ano, o governo de Venceslau Brás proibiu em todo o território casas de apostas ou cassinos, entretanto, essa prática se manteve comum, mesmo que clandestinamente.


Porém, em 1934, o governo de Getúlio Vargas voltou atrás e liberou cassinos e casas de apostas no Brasil, iniciando a “era de ouro” dos cassinos no Brasil. A liberação impulsionou a economia e fez o país um centro de turismo ainda maior, gerando empregos e atraindo a atenção global.


Mas em 1946, o então presidente Eurico Gaspar Dutra proibiu mais uma vez os jogos de azar no país, criando um impacto negativo na economia, já que o governo abdicou de uma fonte significativa de renda. Outros governos tentaram a legalização dos jogos de azar em território nacional, mas sem sucesso.


Atualmente, a legalização de apostas foi decretada em 2018, com a lei 14.790/23, que previa a regulamentação das apostas em até dois anos, mas que ainda não liberava os  cassinos. O formato das apostas hoje em dia está intrinsecamente ligado ao esporte, e com a normalização das apostas nos meios esportivos, esse mercado cresceu muito em tamanho, hoje faturando na casa dos bilhões, e impactando a vida, diretamente ou indiretamente, de todo o povo brasileiro.


O vício em apostas


A cultura de apostas no Brasil sempre foi muito grande, desde as lotéricas até o ilegal “jogo do bicho”, e juntando isso com a proximidade do povo brasileiro com todos os tipos de esportes e a facilidade de apostar pela internet, criou-se um ambiente perfeito para o crescimento das Bets no Brasil.  Mas esse aumento nos jogadores também deixou evidenciado um dos maiores problemas relacionados ao assunto: o vício em apostas.


Atualmente, a excessiva exposição a propagandas sobre apostas, junto com a incrível capacidade dessas casas de apostas patrocinarem todo o tipo de entretenimento, gerou a criação da ideia de que apostas hoje são o caminho fácil até o dinheiro. Essa narrativa é uma grande responsável pelo aumento de dívidas relacionadas a apostas no Brasil.


Segundo Viviane Santos, pós-graduada em psicologia pela Universidade do Distrito Federal, o vício em apostas começa a se desenvolver como qualquer outro vício, a sensação de recompensa após a vitória ou o lucro é o que prende o apostador, criando um ciclo vicioso. A doutora também falou como pessoas com problemas financeiros podem desenvolver esse vício: “Elas podem ver as apostas como um escape, uma resolução dos seus problemas, e isso pode gerar um estresse maior ainda”.


“A primeira vez que eu apostei foi com meus amigos, na pandemia, apostamos 2 reais em uma “odd” muito difícil, mas que bateu, então cada um de nós tirou mais de 200 reais. E é aquilo, você ganha a primeira vez, você não para, você sempre acha que vai ganhar”, comentou Vinicius Gibran, estudante de Direito da UFU e atualmente um viciado em apostas.


Sobre como o vício pode ser curado, o tratamento se assemelha ao vício em drogas ilícitas,  sendo composto por um processo de afastamento e de abstinência, junto com acompanhamentos psicológicos. “Se o paciente já estiver extremamente viciado, é um pouco complicado acreditar que ele vai sair desse vício apenas pela “vontade”, então a inibição dessa vontade vai ser inicialmente feita pela medicação, e depois a retirada da exposição desse vício. Existe a possibilidade de vencer, mas é uma tarefa árdua, assim como qualquer outro vício”, completou Viviane Santos.


Apostas e a economia brasileira


Segundo pesquisa feita pelo Instituto Datafolha, cerca de 15% dos brasileiros já usaram sites de apostas esportivas. Entre eles, o gasto médio mensal em "bets" é de R$263,00. O valor é equivalente a quase 20% de um salário mínimo pago em 2023, que era de R$1.321. Os dados mostram que as apostas impactam diretamente o bolso do brasileiro médio, e isso se agrava quando a maior parte dos apostadores vem das classes médias e baixas.


Um dos graves problemas que as apostas também geram é o endividamento da população, já que as apostas entram na vida das pessoas como um vício, e sem o controle da situação, elas buscam se arriscar mais e mais e começam a depender da “sorte”. O intuito das apostas é o entretenimento, mas como elas envolvem dinheiro, é fácil perder a noção e ver elas como a forma de conseguir dinheiro rápido e fácil, e é isso que as empresas de bet almejam no uso da super exposição da população com o marketing voltado às apostas. 


De acordo com a CNC, o número de brasileiros inadimplentes chegou a 14 milhões entre junho de 2022 e junho de 2023, resultado direto do aumento da participação nas apostas online. 


“Eu já cheguei a perder muito dinheiro, perdi no total quase 400 reais” falou Vinicius Gibran, e isso mostra uma um dos problemas das apostas, já que mesmo perdendo ou ganhando, ao longo prazo, apostas não chegam a dar lucro, e isso se juntando ao vício desenvolvido, gera cada vez mais endividamentos na população brasileira.


Existe também o fato que a partir do endividamento, a capacidade de consumo diminui, gerando um impacto direto em setores da economia que dependem de um fluxo constante de consumo doméstico, como os setores de varejo e prestação de serviço. E ao contrário de outras formas de entretenimento, como shows ou cinemas, o dinheiro arrecadado pelas apostas não se mantém no Brasil, devido a falta de regulamentação atual.


Essa falta de regulamentação permitia a empresas atuarem em uma área cinza dentro das leis, permitindo o descumprimento de leis fiscais. A regulamentação das bets vem para prevenir esse favorecimento das empresas de bets em detrimento da economia nacional, agora as empresas que escolherem atuar no Brasil pagaram cerca de 15% em impostos, e deverão ter sede no território nacional.


Apostas e o futebol brasileiro


Um dos grandes motivos para esse aumento exponencial das bets esportivas no país é a normalização do ato de apostar por parte das instituições, especialmente no futebol. Os clubes e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) aceitaram caminhões de dinheiro nos últimos anos para deixar os nomes das casas de apostas, em diversos casos irregulares, estamparem suas camisas e campeonatos oficiais. 


Essa ofensiva das bets não começou agora. O primeiro e principal exemplo é a Premier League, o torneio é a alguns anos a liga nacional mais valiosa do mundo, segundo o Lance!, o valor de mercado da competição chegou a € 10,32 bilhões em 2023. Além de ser considerada o campeonato mais forte do mundo de acordo com a empresa Opta de estatísticas. 


Segue a lista:


  1. Premier League (Inglaterra) 

  2. Série A (Itália)

  3. Bundesliga (Alemanha)

  4. LALIGA (Espanha)

  5. Ligue 1 (França)

  6. Campeonato Brasileiro

  7. Primeira Liga (Portugal) 

  8. Jubiles Pro League (Bélgica)

  9. Major League Soccer (EUA)

  10. Championship (Inglaterra)


Para completar, a PL é a liga nacional com mais seguidores nas redes sociais:


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76 milhões desses seguidores são somente no Instagram | Fonte/Arte: Football Benchmark


O campeonato inglês, é por praticamente qualquer métrica, nível esportivo, relevância, influência, valor de mercado, prestígio popular e de especialistas, o  campeonato número um do ranking. Este torneio tão importante tem pelo menos um time com o patrocínio master de casas de apostas desde 2003, entre eles a Betano, Betway e Stake. 


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Liga inglesa possui onze casas de apostas diferentes como patrocínios masters para a tempora 24-25 | Fonte/Arte: Poder 360


O efeito das casas de apostas estamparem a camisa dos principais clubes do país aparecia no número de pessoas que acessam as plataformas onlines de bets na Inglaterra. Segundo o Banco Mundial, o país liderava no quesito entre 2013 e 2020, ultrapassando a marca de 1 bilhão de usuários em 2019, isso durou até a ascensão meteórica do Brasil. Antes de 2018, o país do futebol não aparecia nem no Top 15, mas já perto da virada do ano figurava entre os cinco primeiros do ranking e precisou de apenas mais dois anos para ultrapassar os ingleses, chegando ao número de 1.5 bilhões de pessoas que acessam os sites de apostas esportivas. 


Entre 2020 e 2023, o número praticamente dobrou como mostra o gráfico a seguir:


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Mesmo possuindo as duas ligas esportivas mais valiosas do mundo (NFL e NBA) os Estados Unidos não entram no Top 3 | Fonte: Banco Mundial


Não demorou para o futebol brasileiro seguir o exemplo da Premier League. Em 2024, os naming rights das duas principais competições nacionais (Brasileirão e Copa do Brasil) pertencem a Betano. Ou seja, a partir deste ano qualquer menção ao futebol do Brasil traz, mesmo que inconscientemente, o nome de uma casa de apostas com sede na Grécia. Isso gera algumas situações, no mínimo, curiosas. 


O jogador que foi eleito o melhor da partida recebe, ainda no gramado, um prêmio com a logo da Betano nas entrevistas pós-jogo e fotos oficiais. Mas, em casos de talentos precoces como o de Estevão, do Palmeiras, que ainda não completou 18 anos, o atleta não pode por determinação legal ter a sua imagem relacionada com as bets. Ou seja, nem todos os considerados melhores da partida têm acesso ao mesmo troféu.  


Além da maior entidade do futebol brasileiro, as equipes também aceitaram de bom grado o aporte financeiro dos sites estrangeiros e nacionais. Quando o campeonato começou, 68% dos patrocínios masters nas Séries A, B e C do Brasileirão eram das casas de apostas. 


Na elite do futebol do país 14 times entram na lista:

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Na Série B a situação é ainda pior com 16 clubes:

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A Série C, até por ter uma visibilidade bem menor, sofreu menos com o avanço das bets e “apenas” 9 equipes:

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No total, 39 das 60 equipes começaram a disputar o calendário nacional levando os sites na frente dos uniformes.


Sobre a questão moral dos clubes envolvidos com casas de apostas, Vinicius Gibran Comenta “Ético não é, mas é algo que dá muito dinheiro para os times e fica muito difícil para eles negarem. E como não é proibido, está certo.”


Apostas e as emissoras de televisão


O patrocínio das casas de apostas também chegou na emissora detentora dos direitos de transmissão da maioria das partidas. Durante os jogos da primeira divisão transmitidos na Globo, Sportv e Premiere as probabilidades de vitória calculadas pela Sportingbet aparecem por diversas vezes na tela.


O dinheiro movimentado por esse mercado é tanto, que alguns não se contentam em apenas receber investimento dele. No início de outubro, o Flamengo foi autorizado pelo Ministério da Fazenda a operar sua própria plataforma de apostas no Brasil, a Flabet. O clube carioca não foi o único a enxergar essa oportunidade. 


Chegamos em um ponto onde o próprio jornalismo que deveria divulgar e chamar atenção para os problemas das apostas esportivas online, ao invés disso é aliado delas.  Além de aceitarem o dinheiro da publicidade vinda das bets, Band, Globo e SBT já se movimentaram durante esse ano para lançar seus sites de apostas esportivas em meados de 2025. Outros portais importantes como o Lance!, fazem uma review dizendo se tal site é confiável ou não e colocam links na matéria que levam diretamente para o site.


Apostas e os jogadores de futebol


Além dos organizadores do campeonato, clubes e mídia, os próprios atletas fecham acordos para divulgar as bets. Referências mundiais como Vini Jr e Neymar são os dois dos principais nomes. No caso de Vinicius, o jogador do Real Madrid é garoto propaganda da Betnacional, já Neymar divulga em seu X (antigo Twitter) e Instagram a Blaze, empresa denunciada em 2023 por não efetuar os devidos pagamentos para seus usuários. 


Não são somente os atletas em atividades que veiculam ou estrelam anúncios de sites de apostas. Jogadores lendários do penta em 2002, Ronaldo e Rivaldo, aparecem nas propagandas durante os intervalos dos jogos como garotos propagandas da empresa inglesa Betfair. Ainda na seleção brasileira campeã do mundo, o capitão Cafu é embaixador da marca Rivalo e o Ponta-Esquerda Denilson é a estrela da Sportsbets.io, popularizando o slogan “Deu Green!”, expressão utilizada quando uma aposta tem um resultado favorável. Saindo do time de 2002, Aloísio Chulapa, campeão do Mundial de Clubes em 2005 pelo São Paulo, é embaixador do site Aposta Ganha e aparece utilizando uma camiseta da companhia em sua foto de perfil no Instagram, além de colocar o arroba do perfil da bet na bio e aparecer constantemente em reels e stories falando bem da empresa e incentivando seus seguidores a apostar.


Esse grande envolvimento dos sites de apostas com o esporte levanta várias questões éticas. A principal delas sendo até que ponto uma área que movimenta uma quantia significativa de dinheiro diretamente atrelada ao resultado da partida, pode ferir a integridade da competição? Ano passado tivemos, se não uma resposta definitiva da questão, pelo menos um indício dela. 


A operação Penalidade Máxima levou 15 jogadores ao tribunal da Série A e B para responder às acusações de envolvimento em um esquema de apostas. Os atletas foram indiciados por firmarem acordos para forçarem cartões amarelos e vermelhos, cometerem pênaltis ou perderem de propósito a partida. Entre os réus Diego Porfírio, Gabriel Tota,  Matheus Gomes, Romário e Ygor Catatau foram banidos do futebol. Outros como Alef Manga e Eduardo Bauermann já cumpriram suas penas e podem voltar a atuar.


Superexposição as bets


Os brasileiros que desejam acompanhar o futebol hoje são expostos a todo momento e incentivados a tentar lucrar em algo que mesmo sendo uma aposta, te passa a sensação de estar no controle. Atualmente, existem vários influenciadores “ensinando” como jogar e sair vencedor nas bets, sobre isso, Vinícius comenta “Eles colocam na cabeça dos outros, vem que eu vou te ensinar a ganhar dinheiro fácil. Mas não aconselham fazer conscientemente e apostar  o que não vai fazer falta para você. Eles apenas fazem o merchan para a casa que ele divulga”


A situação atual é essa: você é bombardeado com incentivos para arriscar seu dinheiro nessa área, na esperança de acertar aquela odd gigantesca que vai ajudar e muito naquele mês, e esse estímulo de apostar vem de todo lado. Dos próprios campeonatos nacionais e internacionais, dos jogadores, dos ídolos já aposentados, dos canais de comunicação, dos influencers, dos amigos e até da família, sem em nenhum momento deixar claro os perigos desse mundo. Ninguém te avisa o quanto é viciante ganhar uma aposta.


Para desvincular a ideia de que apostar é algo não só normal, mas que você está perdendo algo se não fizer, primeiro precisamos diminuir a superexposição do cidadão aos anúncios constantes das casas. Os clubes, CBF e emissoras devem procurar outros patrocinadores que consigam entregar um aporte financeiro, pelo menos de um nível similar, às empresas como Betano, Esportes da Sorte, Betfair entre várias outras. 


Regulamentação 


Um dos desafios é a quantidade de dinheiro que essas empresas de apostas tem, já que este mercado se auto alimenta, então quanto mais pessoas apostando, mais dinheiro essas casas de apostas lucram, pois mesmo havendo a chance de vitória, independendentemente eles vão lucrar. A lei de regulamentação das apostas vem com o objetivo de conseguir frear este lucro desenfreado, mas também ter mais segurança para os apostadores e prevenir abusos no sistema.


A regulamentação é o primeiro passo para o combate dos problemas que as casas de apostas trazem para o Brasil, como o enorme impacto na economia nacional, problemas com vícios em apostas e a maçante exposição que o povo sofre. O impacto das casas de apostas no Brasil já é significativo mesmo sendo algo recente, então a melhor opção é a da regulamentação e vigilância sobre essa problemática o mais cedo possível, para que possamos entender que apostas são entretenimento e não uma forma de dinheiro rápido e fácil.


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